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13 de maio de 2020

Resenha: Não Inclui Manual de Instruções, T.S. Rodriguez

Ficha Técnica
Título: Não Inclui Manual de Instruções
Autor: T.S. Rodriguez
Gênero: Boys love| LGBTQ+| Autismo
Editora: Editora Rico
Comprar: Rico | Amazon (e-book)
Sinopse: Gemma não quer que seu filho Conor, um premiado escritor no espectro do autismo, termine sozinho e decide assumir a tarefa de encontrar o namorado perfeito para ele.

Não será nada fácil para Aidan, o escolhido; Conor é sincero demais, obcecado por seus livros e nunca ri das piadas dele!

Prepare-se para sentir o coração aquecido e se divertir com as armações de Gemma, a sinceridade de Conor e a espontaneidade de Aidan. Esse livro é tão fofo e apaixonante, que nunca mais fará você duvidar do amor.


Já começo expondo defeitos.
Ao meu ver, o único defeito desse livro é ser tão fininho!
Não Inclui Manual de Instruções é uma deliciosa e romântica aventura através da realidade de duas minorias, a comunidade LGBTQA e os indivíduos que possuem algum grau de autismo.
Cultura LGBTQA já está presente na minha vida há muitos anos. Não só literatura, mas cinema, música, teatro, entre outros. Porém, o único conteúdo que consumi referente a Síndrome do Espectro Autista foi através da personagem Benedita (Benê), na série | novela Malhação - Viva a Diferença, da Rede Globo (essa é uma das melhores temporadas de todos os tempos).

Assim como a Benê, o personagem principal do livro, Conor, nasceu com a Síndrome de Asperger (SA), um dos graus mais leves de autismo, que não afeta o seu possuidor psicológica ou neurologicamente, mas traz dificuldades em relação a comunicação verbal e interação social.
Famoso autor de suspense na Irlanda, Conor é muito amado por sua família, principalmente por sua mãe, Gemma. O medo de que seu filho passe o resto da vida sozinho, devido as dificuldades da SA faz Gemma por em execução um plano para encontrar a cara metade do seu filho, baseando-se nas características dos personagens que Conor cria para seus livros. Sem que o filho saiba, Gemma coloca sutil e arquitetadamente Aidan, um músico ruivo e carismático na vida do filho e envolve todos os que o amam para fazer esse relacionamento acontecer.

"Havia sido difícil fazer com que Conor se soltasse e Aidan não queria que ele ficasse fechado outra vez. Estava começando a perceber que Conor era do tipo de pessoa que não costumava permitir que alguém entrasse em sua redoma. Aidan teve um leve vislumbre de quem ele era e queria ver mais, muito mais. " - pg 41

Olha, preciso confessar que a manipulação inicial de Gemma na vida de Conor, mesmo sendo voltada para o bem, me causou um pouco de desconforto no início do livro. Porém, ao desenvolver do enredo, percebi que foi uma ação necessária para deslocar o filho de sua zona de conforto. Conor é um personagem regrado, perfeccionista e distante. Todas essas características derivadas da SA tornam difícil imaginar o personagem abrindo-se para conhecer pessoas e situações novas e foi necessário esse recurso, essa "artimanha do bem" para dar movimento a estória.

Aidan é o agente dessa mudança de ares. O ruivo, fã dos livros de suspense de Conor sente-se atraído a primeira vista. Transpondo a distância e a dificuldade entre eles, termina trazendo Conor para fora da proteção de sua rotina e instigando-o (de maneira respeitosa e cuidadosa) a explorar o mundo fora do que os livros narram sobre ele.

Eu simplesmente amei o cuidado com que Aidan se aproximou de Conor e tornou-se parte de sua vida. Como, para ele, não existiu qualquer barreira de preconceito inicial, mas sim, admiração e atração que o fizeram investir em seu relacionamento com Conor. Pesquisando sobre a Síndrome de Asperger, preparando o outro para mudanças, mostrando para ele que estava seguro e que novidades não faziam mal e enchendo-o de amor.
O carisma de Aidan já havia me conquistado e meu coração parou de bater nos momentos críticos do livro. Pensei "será que me enganei a respeito delew", porém, a T.S. Rodriguez criou um personagem muito coerente para por si e também para servir de suporte para Conor, um personagem mais imprevisível, principalmente para quem não conhece ou convive com um Aspie.

"- Você me beijou - o escritor disse quando suas bocas se separaram.
- É. Eu beijei.
- Você disse que nós seríamos amigos. Os amigos não se beijam, Aidan.
Aidan sorriu satisfeito. - Acho que não. Mas nós somos bons pra caramba nesse negócio de nos beijar. Seria um pecado desperdiçar esse talento." - pg 68

Que riqueza foi o Conor! É até difícil descrever o quão sensacional foi acompanhar sua guarda baixar e todas as coisas incríveis que isso o fez vivenciar. Não só o romance envolvente com Aidan, mas as surpresas, os prazeres e as dores de viver nesse mundo imprevisível e sem controle.
Apesar de muito inteligente, Conor enfrenta grandes barreiras de entendimento do que é e como funciona um relacionamento, seja qual for ele, amistoso, parental, romântico, mas seu esforço, assim como o de Aidan para entender como o mundo funciona pelos olhos do outro pagaram cada ataque cardíaco que mal entendidos e conflitos me causaram. Essa falta de experiência e o próprio enfrentamento do novo tornam Conor um personagem delicado e  imprevisível. Suas reações a cada situação são inesperadas e nesse momento Aidan apareceu para dar solidez e suporte ao namorado. e apreciar os fofos e doces avanços de Conor no quesito romance.

Conor e Aidan se completam além de qualquer dificuldade e apesar do livro não ser erótico ou explícito, o curto slow burn e a sinceridade de Conor em seu interesse por Aidan funcionam muito bem para deixar o romance entre eles sexy e quentinho, do jeito que a romanceira gosta!

Eu agradeço a autora T.S. Rodriguez por ter criado essa estória tão linda, delicada e informativa. O jeito como eu entendi a Síndrome de Asperger através de Não Possui Manual de Instruções foi compreensivo e tocante, vai além de uma definição e se aplica numa estória onde opostos se atraem, quebram a cara, aprendem e completam-se, sem causar mal um ao outro. A autora me fascinou dando um final feliz, real e coerente a um casal que enfrentou tantas dificuldades.
E um parabéns do fundo do meu maravilhado coração por essa arte de capa tão preciosa e encantadora! O melhor de tudo: fomos presenteados com uma estória LGBTQA com final feliz!

Como o mundo precisa entender que a felicidade entre casais homoafetivos (apesar do monstruoso preconceito que ainda existe na sociedade) existe, é real, tão real a ponto de alcançar as páginas de livros em gênero ficcional. E a autora fez esse trabalho precioso lindamente!

Até a próxima, romanceiras (os)! #FICAEMCASA



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